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Embora a gestação aconteça no corpo da mulher cabe trabalhar com o conceito de “família grávida”. Há mudanças significativas no parceiro e nos que se preparam para serem irmãos, tios, avós, bisavós. Novos aspectos de nossa identidade são gerados quando recebemos uma nova pessoa no círculo familiar.

Vivemos inseridos em redes de relacionamentos, na família, na escola, no trabalho, no grupo social e, mesmo sem perceber, influenciamos uns aos outros. Qualquer pessoa que entre ou saia dessa rede altera sua configuração e seu funcionamento em maior ou menor grau.

Os seres que estão sendo gestados nascerão em diferentes composições familiares. Alguns são fruto de concepção consciente de um casal unido pelo amor. Outros são “planejadamente acidentais”, atendendo a um desejo inconsciente de ter filhos, mesmo quando predomina o pensamento consciente de que não seria o melhor momento para engravidar. Ainda outros não foram desejados nem poderão ser criados pela família biológica. Há os que viverão em famílias uniparentais, de recasamento, homoafetivas, de adoção.

As redes de relacionamento são dinâmicas: um ser concebido sem planejamento ou até mesmo sem desejo poderá ser uma criança capaz de conquistar afetivamente a família mais resistente. Um ser gestado em uma época de união feliz poderá sofrer abandono após uma separação tumultuada entre as duas pessoas que um dia se amaram, mas passaram a se odiar.

Encontramos (ou não) lares harmônicos em todos os tipos de organização familiar. Para construir uma boa qualidade de convívio, é preciso adotar no coração, até mesmo os filhos biológicos. Laços de sangue não garantem que as crianças cresçam bem. O essencial é o compromisso de amar e de cuidar, para que seja possível acompanhar o crescimento com carinho e atenção.

Os estudos da neurociência afetiva consideram o cérebro como um órgão social. Ao nascer, o bebê já é capaz de formar vínculos (que, na verdade, começam a ser construídos ainda na vida intrauterina) com as pessoas que cuidam dele. Não há família perfeita, e nem as crianças precisam disso. Mas o amor e o compromisso de cuidar pode permanecer sólido mesmo diante das crises inevitáveis, da sobrecarga de compromissos, dos sentimentos misturados, dos altos e baixos dos relacionamentos e dos demais obstáculos a serem enfrentados nos inúmeros desafios que a vida nos apresenta.