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Há muitas coisas que podemos apreciar sem desejar possuir, como essa peça que fotografei no Museu do Design em Helsinque.

Há muitas coisas que podemos apreciar sem desejar possuir, como essa peça que fotografei no Museu do Design em Helsinque.

“Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes”? A criança africana deixou o antropólogo desconcertado ao constatar como essa comunidade vive a prática do Ubuntu, uma filosofia humanista sul-africana, um código de ética baseado no altruísmo, na generosidade e na cooperação. Bem diferente das sociedades nas quais predominam o individualismo e a competição, em que muitos pensam “quanto mais eu tenho, mais eu sou”. Ubuntu significa “eu sou porque nós somos”.

A série de pesquisas Responsabilidade Social Empresarial promovidas pelo Instituto Akatu e parceiros aborda a questão da transição da cultura do consumismo para a cultura do bem-estar. Isso demanda uma revisão profunda do atual modelo de desenvolvimento econômico pautado no crescimento contínuo do consumo mesmo às custas da enorme desigualdade de distribuição de renda e do desequilíbrio ecológico que estamos presenciando. Não é sustentável propor um crescimento econômico ilimitado em um planeta com recursos finitos. A proposta é privilegiar a qualidade dos relacionamentos e o bem-estar, em vez de estimular o acúmulo consumista.

Fortalecer a prática de conceitos tais como consumo consciente e o estilo de vida da simplicidade voluntária pode contribuir para sair da prisão angustiante do “preciso trabalhar mais para ganhar mais e consumir mais”. Deixar de definir “bom padrão de vida” como sinônimo de acúmulo de bens materiais que dão “status” social para almejar um estilo de vida em que se acredita que ter tempo (para nutrir vínculos significativos) é melhor do que ter dinheiro para gastar com coisas das quais, na verdade, não precisamos.

Em muitas cidades, o aumento do uso de bicicletas e carros compartilhados marca a ideia de que podemos usufruir de objetos que facilitam a mobilidade sem precisar possui-los. Jovens que promovem “sessões de desapego” e trocam entre si roupas e acessórios criam recursos para escapar das tentações das compras induzidas pela publicidade.

As armadilhas da publicidade que criam necessidades que não existiam e aguçam o desejo de posse atingem cruelmente as crianças, ainda incapazes de diferenciar o “eu quero” do “eu preciso”. O Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, faz um importante trabalho de conscientização sobre as consequências do consumismo e da publicidade na formação das crianças.

http://www.ensinarhistoriajoelza.com.br/ubuntu-o-que-a-africa-tem-a-nos-ensinar/

http://www.akatu.org.br/pesquisa/2012/PESQUISAAKATU.pdf

http://criancaeconsumo.org.br/consumismo-infantil/