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Ao contrário do que se pensava há algumas décadas, nosso cérebro neuroplástico continua gerando novos neurônios e diferentes conexões entre eles durante toda a nossa vida. Isso nos permite efetuar mudanças em nós mesmos e em nossas redes de relacionamento, aprender, desaprender e reaprender continuamente.

Nos primeiros anos de vida, as experiências que se sucedem desde a vida intrauterina e a qualidade dos vínculos que se estabelecem entre a criancinha e as pessoas que cuidam dela interagem com a carga genética e constroem a arquitetura cerebral. Este processo de fazer e refazer as conexões neurais acontece no decorrer da vida, mas os alicerces de nossa saúde física e emocional são, em grande parte, construídos durante a gestação e os primeiros anos de vida.

Quem cuida de bebês e de crianças pequenas na família, na creche e na Educação Infantil participa da “tecelagem” desses novos seres, contribuindo para o seu desenvolvimento integral. Os adultos que investem em seu desenvolvimento pessoal encontram inúmeras oportunidades de reaprender coisas significativas cuidando das criancinhas e observando sua rápida evolução nos primeiros anos de vida.

Bebês e crianças pequenas demonstram curiosidade para explorar o mundo, se encantam com as novas descobertas e manifestam grande entusiasmo quando conquistam cada etapa de uma nova habilidade (sentar-se, dar os primeiros passos, empilhar peças de madeira ou de plástico para montar uma torre). Os adultos que se sentem entediados, insatisfeitos ou dizem que “não se interessam por nada” soterraram a curiosidade e o encantamento que um dia tiveram.

Nos primeiros anos de vida, há um vívido interesse pela aprendizagem. Embora a criança sinta medo e raiva desde os primeiros meses diante do que é desconhecido e do que frustra seus desejos, predomina o entusiasmo de explorar novos territórios e de criar competências. As criancinhas tentam acertar mesmo quando os erros se sucedem. Interiorizam a exigência de “fazer tudo certo” e o medo de errar a partir de mensagens veiculadas por pessoas da família e da escola, que criticam e punem os erros, em vez de considerá-los como parte integrante do processo de aprendizagem. Os erros podem motivar, em vez de desencorajar, novas tentativas e estratégias. Adultos paralisados pelo medo de errar podem reaprender com a criancinha a ousadia de continuar experimentando novos caminhos com a persistência necessária para alcançar o resultado desejado.

A alegria de crescer e de perceber o desenvolvimento de novas habilidades é marcante nos primeiros anos de vida das crianças saudáveis. Adolescentes desmotivados para construir seus caminhos de autonomia e adultos acomodados na “zona de conforto” precisam reativar essa energia da primeira infância, quando viviam intensamente seu processo de crescimento.

As criancinhas se entusiasmam quando percebem pequenos progressos, não pensam no tanto que ainda falta para “chegar lá”. Quando crescem, muitas se desencorajam quando pensam apenas que falta muito para tocar bem um instrumento, falar com fluência outros idiomas ou ser selecionado em um concurso com milhares de candidatos. Precisam reaprender o valor da persistência e da capacidade de se alegrar com cada pequeno passo conquistado, valorizando o processo, e não apenas o objetivo final.

Curiosidade, encantamento pelas descobertas, ousadia para experimentar novas possibilidades, alegria de crescer. Os adultos podem reaprender tudo isso e muito mais quando cuidam de bebês e de crianças pequenas!