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No ciclo da vida, precisamos nos renovar para desabrochar (Fotografei em Amsterdam).

As células de nosso organismo passam por ciclos de renovação, cujos períodos variam de acordo com a função que exercem nos diversos órgãos. No desenvolvimento pessoal, precisamos nos renovar para abrir caminhos de vida ou para expandir e atualizar os que queremos manter.

Conversando sobre esse tema com um grupo de amigos, um deles, com 30 anos de casado, comentou: “Meu casamento continua ótimo porque vivo me casando com a mesma mulher e ela comigo. Nem eu nem ela somos exatamente os mesmos de quando nos conhecemos. As experiências da vida, a chegada dos filhos, os problemas que enfrentamos, o amadurecimento, tudo contribui para nossas mudanças. Mas sempre escolhemos ficar um com o outro”.

Acompanhar o desenvolvimento de cada filho também nos renova. “Criei todos os filhos da mesma maneira” é um mito, porque com a chegada de cada um toda a rede de relacionamentos da família se modifica. Como trabalhei por alguns anos acompanhando famílias de bebês internados em UTI Neonatal, vi a importância da renovação da esperança, nos ciclos de melhora-piora das condições clínicas em situações de maior gravidade.

Uma participante comentou: “Trabalho há mais de 30 anos como professora universitária. Estou sempre me renovando nesse contato com os alunos, ensinando e aprendendo com eles. Com a avalanche de informações disponíveis, a função do professor precisa ser profundamente renovada: de transmissor de conhecimentos para consultor, orientador, que contribui para que os alunos utilizem ferramentas de pesquisa com espírito crítico para filtrar o que é relevante e integrar as diversas fontes de informação.

Na época em que vivemos, quem não renova e atualiza constantemente seus conhecimentos corre o risco de ficar fora do mercado de trabalho. É preciso inovar, renovar, ousar, empreender. Diversos psicoterapeutas que participaram da conversa comentaram sobre a renovação do olhar sobre acontecimentos presentes e passados, estimulada pelo processo terapêutico para “reescrever” histórias e descobrir novos significados.

Para mim, uma das palestras mais surpreendentes foi em um evento para 1200 pessoas entre 50 e 90 anos, participantes de projetos de qualidade de vida. Falei sobre mudança do olhar e de projetos de vida e convidei o público para dar depoimentos sobre renovação de projetos. Vários falaram sobre a oportunidade de desenvolver novas habilidades após a aposentadoria que resultaram em trabalhos completamente diferentes dos anteriores ou que abriram espaço de lazer criativo. Com isso, muitos saíram da depressão e encontraram um novo sentido na vida. Como disse uma participante: “Agora a farmácia tem prejuízo comigo! Depois que passei a frequentar esses grupos, nunca mais fiquei doente”.

Com o aumento da expectativa de vida, podemos viver várias vidas em uma só. No entanto, há pessoas que, por insegurança e por medo da mudança, não se renovam: cristalizam padrões de comportamento e de relacionamento que se repetem indefinidamente. Neles ficam aprisionadas e, com isso, tornam-se pessoas entediadas e entediantes. Pouco evoluem, sufocam a curiosidade que renova nossa busca por conhecimentos e até mesmo por aventuras. Vida é mudança e renovação!